segunda-feira, 18 de maio de 2009

A música começou a tocar. Eram nove horas da manhã depois que a rotina fora quebrada, sua mãe estava no banho, a vizinha na cozinha, o pai acabara de chegar da rua. A emprega estava lá fora com as roupas. Ele, deitado na cama.
Sobre a música não se conhecia a melodia nem o compositor. Aquela voz, nunca havia escutado. Era uma letra clichê, sobre qualquer amor perdido cantando por um homem. Sua mente começou a seguir a suavidade da voz e lágrimas começaram a cair.

Por um instante, se fez silêncio. Escutava-se a mãe deixando a àgua misturar com suas lágrimas, a vizinha deixando de lado a panela para sentar com a mão no rosto, o pai que fechou a porta e deslizou por ela até chegar ao chão. A empregada num choro silencioso e ele. Por esse instante, o mundo parou pra chorar.

Chorar pelo que viria, pelo que passou - por todas aquelas coisas, pelo que deixaram de fazer, amar. Odiaram seu jeito de criticar, reclamar, odiar, menosprezar e desrespeitar.

QUERIAM VIVER.

Dizer a cada um como seu amor era grande por você. Falar para aquela mulher que ele é dela, que deste a traição e o rompimento, ele só pensa nela... Mas sabia que, apesar dela sentir o mesmo, não haveria volta.
Ela, do outro lado do mundo, chorava por ele. Decidiu-se mudar para esquece-lô, mas não adiantou. Perguntava-se porque, Deus, ele fez isso com ela. Eram felizes, tinham planos. Mas não o queria o ter de volta, apesar de quere-lo só para ela.

Cada um por seu motivo, mas tudo se resume a uma palavra dita, outra que não achou coragem pra dizer; um ato, ou a falta dele.
Cada um por alguém: filho para mãe e o inverso; um ladrão que roubou pela primeira vez só porque precisava do dinheiro para comprar o remédio para sua mulher, e foi pego; um suicida que fez de tudo para pensarem que foi assassinado pelo seu melhor amigo.

A música voltou e o rádio: desculpem, problemas já consertados aqui no estúdio; E assim ele levantou da cama e seus pais estavam conversando sobre o programa na TV que falava sobre... Nada.

Agora era nove e cinco da manhã e sendo assim, o garoto foi viver - ou parte disso. Chegou ao trabalho ás dez, almoçou á uma e voltou ao trabalho. Estava em casa ás sete da noite e seus pais, como de costume, já tinham chegado. Ela lendo, ele no jornal. Jantaram e cada um foi para seu canto.

O garoto, pro bar.

10 comentários:

Emerson Wiskow disse...

Opa! Gostei do blog.
abraço

fab disse...

"Cada um por alguém: filho para mãe e o inverso; um ladrão que roubou pela primeira vez só porque precisava de dinheiro para comprar o remédio para sua mulher, e foi pego; um suicida que fez de tudo para pensarem que foi assassinado pelo seu melhor amigo."

Texto forte. Muito bom.

CAMILA de Araujo disse...

Obrigado pelo comentario no CONTO UM CONTO ^^

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Anderson Meireles disse...

"AS COISAS TÊM A BELEZA QUE DAMOS A ELAS."
GOSTEI DAQUI, VOLTAREI!

Anônimo disse...

Adorei o texto, vc escreve muito bem.

Se quiser retribuir a visita, fique à vontade...
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Fidalgo disse...

forte esse texto hein! .. blog bem feito...
;)

**Carlitos** disse...

puxa... gostei desse texto... confesso que me sinto um pouco como o garoto... muito interessante seu blog... parabéns!

http://vira-lataderaca.blogspot.com/

Arthur Alves disse...

Nossa, muito bom! Gostei muito, assim como o outro que li há uns dias... Parabéns!

Abraços

Unknown disse...

Escrever é preciso, viver não é preciso... ;)
Binho

bia disse...

faco as palavras do fabricio romano as minhas! amei esse trecho, o final, e adorei que voce intercalou varias situacoes e mostrou a sensacao, o dificil no texto nao eh escrever e sim mostrar ao leitor as sensacoes e vc conseguiu e isso faz com que as pessoas se identifiquem, amei!