domingo, 10 de fevereiro de 2008

Desde que ela foi embora, nada mais funcionou. O galo canta muito antes da aurora, e a roupa ainda não secou. Mesmo a lua que brilhava lá fora, uma nuvem de chumbo apagou, o apito do guarda noturno assopra só pra me lembrar que acabou. O muro separa o mundo lá fora, a água do poço secou, o vidro embaça se meus lábios encostam num beijo que não me tocou. Diga que é pra ela voltar, que sem ela eu não passo nada bem, que duas pessoas não deixam de amar, que uma pessoa só não conta, que uma pessoa só não é ninguém. Escuto um barulho num silêncio que chora, não reconheço esse som, não ouço o riso que ouvia outrora pois seu sorriso ela levou. Eu entro sozinho e fecho a porta, acendo a luz e não encontro mais ninguém. Os moveis antigos que morrem na sala estão só pra me lembrar que acabou. Diga que é pra ela voltar, que sem ela eu não passo nada bem, que duas pessoas não deixam de amar, que uma pessoa só não conta, que uma pessoa só não é ninguém.
nando reis, pra ela voltar

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